Parte 5 - O Sentido Espiritual da Palavra
Capítulo 81
A Doutrina exposta pelo
Sentido Interno da Palavra
81. Doutrinas Fundamentais das Escrituras Santas
81.1- Muitas doutrinas fundamentais da fé cristã foram restauradas de modo irrefutável graças à revelação do sentido interno correspondencial, revelação que veio dissipar as dúvidas que pairavam e ainda pairam na maioria das pessoas sobre esses pontos. Vejamos algumas delas, como exemplo.
81.2- A DIVINA TRINDADE
81.2.1- O grande mistério por aclarar na Igreja Cristã atual é a natureza da Divina Trindade. Muitos orientadores daquela Igreja têm aconselhado que não se procure compreender nem resolver esse mistério. Esse ponto de vista, porém, não encontra apoio na Palavra de Deus. O que os Evangelhos ensinam é que busquemos a luz e a compreensão das coisas de Deus. É certo que o próprio Senhor não explicou abertamente o que se deve compreender pela Divina Trindade. Todavia, Ele prometeu falar aos homens claramente, segundo se lê na passagem de João 16:25:
"Chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai".
Essa hora já chegou e aqueles que têm olhos para ver poderão contemplar a Divina Trindade em plena luz e compreendê-la perfeitamente.
81.2.2- É nosso receio que, ao tratarmos da Divina Trindade, suponha o leitor que vamos falar de algo muito velho e conhecido, que já não pode suscitar interesse. Se, porventura, isso ocorrer, devemos declarar que a compreensão da Divina Trindade é de importância capital para os verdadeiros cristãos. Assim como iríamos averiguar a natureza de nosso pai, se nos dissessem haver nele, que foi feito à semelhança de Deus, três pessoas distintas, assim também devemos procurar conhecer a natureza de Deus, nosso Pai Celestial. Os laços que nos ligam a nossos pais são temporais, mas os que nos ligam a Deus são eternos. Como poderemos amar suficientemente a nosso Pai Celestial sem conhecer a Sua natureza?
81.2.3- O amor na Igreja Cristã atual é uma chama que se vai extinguindo, porque essa Igreja está se tornando indiferente quanto ao amor do Senhor, a ponto de desinteressar-se pelo conhecimento a respeito da natureza d'Ele. Essa falta de amor na Igreja atual foi prevista pelo Senhor, quando disse:
"E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará" (Mateus 24:12).
Só uma nova revelação, feita para uma nova Era cristã, uma nova Igreja, pode, como iremos ver, dar solução racional ao problema da Trindade Divina, porque tal revelação foi feita a fim de se restabelecer na terra o verdadeiro amor ao Deus genuíno.
81.3- A DIVINDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
81.3.1- Não faz muito tempo, quase toda gente declarava acreditar em Jesus Cristo como uma pessoa da Divina Trindade, que era Deus e Homem. Tal crença vai morrendo rapidamente. Cada vez mais, Jesus vai sendo considerado como um grande e maravilhoso homem. Que Cristo é Deus, foi ensinado, com toda a clareza, por Ele mesmo:
"Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abrahão existisse, Eu sou" (João 8:58).
No primeiro capítulo do Evangelho de João, lemos o seguinte:
"No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus e o Verbo era Deus... Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez... Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (1:1,3,10,14).
81.3.2- Negando a Divindade de Jesus cristo, os modernistas O estão apedrejando, como fizeram os judeus quando o Senhor lhes disse:
"Eu e o Pai somos um" (João 10:30).
Admitir que Cristo não é Deus é o mesmo que considerá-Lo o mais blasfemo e arrogante de todos os homens. Aceitando a Palavra de Deus como verdadeira, não podemos deixar de crer que Jesus Cristo é Deus e Homem, pois se Cristo não é Deus, ninguém conhece Deus nem o ama. Quem pode amar uma força invisível? Ou somos, segundo a Bíblia nos ensina, a imagem e semelhança de Deus, e Ele veio morar entre nós, ou então a Palavra de Deus é uma invencionice sem sentido, uma idéia fantástica imaginada por filósofos.
81.4- O ESPÍRITO SANTO
81.4.1- Aceita a Divindade de Jesus Cristo, procuremos compreender, em primeiro lugar, o que é o Espírito Santo. Sua significação não é difícil de perceber. A idéia generalizada sobre o Espírito Santo é que se trata de uma pessoa divina, que existe desde a eternidade. Muitas pessoas deduzem tal ensinamento da Bíblia. Na verdade, porém, não é assim, como se vê claramente na seguinte passagem:
"E isto disse Ele do Espírito que haviam de receber os que n`Ele cressem, porque o Espírito Santo não havia ainda, por ainda Jesus não ter sido glorificado" (João 7:39).
Em nenhuma parte do Antigo Testamento se menciona o Espírito Santo. As duas únicas vezes em que se menciona o Espírito Santo nas versões portuguesas da Bíblia, são, na verdade, de uma forma equivocada da tradução, pois o original é "espírito de santidade de JEHOVAH". Todo ensinamento a respeito do Espírito Santo é que ele procederia do Senhor Jesus Cristo depois de glorificado.
80.4.2- Mas, o que é então o Espírito Santo? A teologia católica o chama de Pessoa Divina, porém nenhuma passagem da Bíblia nos autoriza a considerar o Espírito Santo como pessoa. Em nenhuma parte do Novo Testamento se encontra a afirmação de que haja uma trindade de pessoas em Deus. Muitos imaginam que o Espírito Santo é um mensageiro Divino, que comunica a vontade do Pai e do Filho aos homens. Porém, não parece ao leitor que seja essa uma idéia infantil? Deus, que está presente em toda parte, necessitará mandar um mensageiro para certificar-Se de que Sua vontade foi executada?
81.4.3- Se lermos cuidadosamente os Evangelhos, tornar-se-á claro que o Espírito Santo não é uma pessoa, mas alguma virtude que vem da parte de Deus. Quando o Senhor apareceu a Seus discípulos, depois da ressurreição,
"Assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo" (João 20:22).
Para os que não têm idéia preconcebida sobre o Espírito Santo, é evidente que o Senhor Jesus Cristo, ao soprar sobre os discípulos, lhes comunicava Seu próprio espírito e não estava enviando uma outra "pessoa". É claro também que as línguas de fogo que pousaram sobre cada um dos apóstolos (Atos 2:3) significam a descida até eles do Espírito do próprio Mestre e Senhor e não de uma outra pessoa. Também, quando o Espírito Santo desceu "em forma corpórea de uma pomba" (Lucas 3:22) deve considerar-se que era um símbolo do Espírito e não um indivíduo separado.
81.4.4- Fazem-se referências ao Consolador como sendo o Espírito da Verdade que é, certamente, o mesmo Espírito do Senhor, pois Ele disse: "Eu Sou... a Verdade". É certo que quando o Senhor diz aos discípulos:
"E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (João 14:16),
parece que se referia ao Consolador como se fosse outra pessoa. Entretanto, para prevenir que fossem mal interpretadas Suas palavras, Ele logo acrescentou:
"Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (14:18).
Em outras palavras, o Senhor diz que Ele é o Consolador e que o Seu Espírito, chamado "Espírito da Verdade" os guiaria a toda a verdade. O Espírito Santo significa, pois, a Divina influência que procede do Senhor. É a operação Divina na mente dos homens.
81.5- O PAI E O FILHO
81.5.1- Consideremos, agora, o Pai e o Filho. Há, r
81.5- O PAI E O FILHO
81.5.1- Consideremos, agora, o Pai e o Filho. Há, realmente, em certas passagens dos Evangelhos, a aparência de que o Pai e o Filho são duas pessoas distintas. Lemos, por exemplo, que o Filho rogava ao Pai e que uma voz do céu respondeu ao filho. Mas -perguntamos - se admitirmos que o Pai e o Filho são duas pessoas diferentes e que cada uma delas é Deus, como poderemos realmente pensar que Deus seja uno? Aceitando que o Pai e o Filho são dois, teremos, conseqüentemente, de pensar em dois deuses, embora, de boca, falemos de um só. Em outras palavras, temos de pensar em três deuses distintos, mas não devemos mencioná-los.
Se o leitor é cristão, pense nas orações que terminam com as palavras: "Rogamos-te em nome de Jesus" e responda-nos sinceramente se não ocorre aí uma idéia de dois Deuses com intenções diferentes? um que intercede - o Filho - e o que muda de atitude por amor do primeiro - o Pai. Entretanto, não é lógico que aceitemos os Evangelhos e continuemos a pensar em dois ou três deuses, mesmo que dizendo que existe um só Deus verdadeiro.
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