Nenhum resultado encontrado

    4 - Galatas

     

    Parte 4 - Livros do Novo Testamento

    Capítulo 62

    Gálatas

    62. Carta de Paulo aos Gálatas

    62.1- A Galáxia era uma região da Ásia Menor que se limitava com a Capadócia, a Panfília e a Bitínia. Os antigos habitantes dessa região tinham uma religião extremamente corrompida e supersticiosa, cujos rituais incluíam sacrifícios humanos, especialmente de prisioneiros de guerra. Por volta de 26 antes de Cristo, a Galáxia foi anexada ao Império Romano como uma de suas colônias e passou a ser governada por um procurador nomeado por Roma.

    62.2- Pelo livro dos "Atos dos Apóstolos" e pelas indicações na própria carta aos Gálatas, Paulo esteve na Galáxia pelo menos duas vezes, entre os anos 53 e 56 da Era Cristã. Ele teria sido o primeiro a pregar o Evangelho ali, nas cidades de Icônio, Derbe e Listra.

    62.3- As igrejas da Galáxia eram constituídas tanto por judeus convertidos quanto por gentios que tinham abraçado o cristianismo. Eles receberam o Evangelho com prontidão e alegria, e durante algum tempo perseveraram fielmente nas doutrinas apostólicas. Todavia, não muito depois da segunda visita de Paulo, alguns mestres do judaísmo, embora dizendo-se também cristãos, visitaram as igrejas da Galáxia e passaram a ensinar aos seus membros que estes deveriam seguir, ainda, os rituais judaicos da lei de Moisés, a fim de serem salvos. Atacaram a autoridade de Paulo, embora tenham resguardado a autoridade de Pedro. Diziam não ser correto o que Paulo ensinava, a saber, que os cristãos não deviam estar sujeitos às práticas da lei cerimonial judaica.

    62.4- Com tais argumentos, os judeus conseguiram espalhar divisão nas igrejas, fazendo que muitos dos cristãos retornassem às práticas do judaísmo, e se submetessem, por exemplo, à circuncisão. Sabendo que esses doutrinadores estavam ganhando terreno, Paulo escreve esta carta, com a finalidade de reafirmar aos cristãos a nova dispensação religiosa que abolia as práticas ritualísticas judaicas, ainda que conservasse a essência da Lei, isto é, os Mandamentos Divinos de amor ao próximo.

    62.4.1- Aliás, é importante observar e lembrar sempre que os ensinamentos de Paulo não se destinam jamais a combater a necessidade do cumprimento da Lei Divina que é expressa e sintetizada nos Dez Mandamentos. Isto Paulo reafirma claramente em todas as suas epístolas. O que ele combatia era, sim, a necessidade do cumprimento das leis cerimoniais judaicas, que foram dadas especialmente em Levíticos, como, por exemplo, as leis da purificação e das abluções; as leis das ofertas queimadas, das ofertas de animais e pássaros; a lei da circuncisão; lei do nazireado; lei do primogênito; lei dos ritos sacerdotais, e muitas outras dessa natureza, porque eram leis representativas e faziam parte exclusivamente do culto instituído na antiga aliança, feita com os judeus, até que o Senhor viesse renová-la.

    62.4.2- Os cristãos, conquanto livres do jugo daquelas leis, estavam, no entanto, sujeitos às leis espirituais de amor a Deus e ao próximo, leis segundo as quais cada um devia agir. Assim, as obras do cumprimento cerimonial judaico não contavam mais para a salvação do homem e ninguém mais seria julgado por meio delas, pois foram abolidas. O apóstolo procurava mostrar que era inútil querer alcançar a salvação por meio delas (Gál.5:6). Mas as obras da obediência aos Mandamentos, estas, sim, importavam, pois o Senhor não as aboliu, mas as reforçou e as aprofundou ainda mais para os cristãos (veja Mateus 5,6 e 7, e compare com Gál.5:14). São essas obras que também o apóstolo Tiago cita, exortando os cristãos a cumpri-las: "Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver obras? Porventura a fé pode salvá-lo?... a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma" (Tiago 2:14,17). Aqui, é evidente que Tiago não se refere às obras cerimoniais do rito judaico, pois ele as enumera, resumindo e exemplificando: "...Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo" (1:27). Estas mesmas obras, prescritas para verdadeiros cristãos, são assim descritas por Paulo em Gálatas: "Caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança", chamando-as "fruto do Espírito", porque o homem as pratica pela virtude que recebe do Senhor. "Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo" (Gál.6:2).

    62.4.3- No estudo das cartas apostólicas, é importante ter em mente a natureza das "obras" a que Paulo se referia como abolidas, caso contrário cai-se no grave erro de achar que Paulo prega a fé só, e que as obras do homem (que ele faz pela fé em Jesus Cristo) de nada valem para a salvação. A verdade é que toda a Palavra de Deus ensina, em seu conjunto, que somente a conjunção entre conhecimento e prática, crença e vida, preceito e obediência, fé e obras, é que gera a salvação. É por essas obras que todos serão julgados, como é mostrado inequivocamente no Apocalipse.

    62.5- Paulo inicia esta carta de modo severo e enérgico, procurando mostrar o erro daqueles que confundiam as dispensações judaica e cristã. Primeiro ele trata das controvérsias e depois faz doutrinas práticas e exortativas. O livro tem 6 capítulos e 149 versículos.

    62.6- Assuntos da Carta aos Gálatas

    1- Paulo dirige-se às igrejas da Galáxia e se diz admirado por elas terem tão rapidamente se desviado dos ensinamentos dados, recebendo ensinamentos estranhos. Mostra a veracidade da doutrina que lhes havia ensinado, falando de sua conversão, de como fora enviado a essa obra e de vários eventos de seu ministério. Cap.1.

    2- Conta sua viagem a Jerusalém e fala das pessoas com quem esteve lá; diz como os apóstolos o receberam e como ele teve de se opor a Pedro em Antioquia, por causa da atitude deste de confundir a religião cristã com o rito judaico. Mostra que tantos os judeus quanto os gentios devem ser justificados pela fé cristã e não pelas práticas do rito judaico. Cap.2.

    3- O apóstolo os condena pela insensatez de se terem desviado do Evangelho e voltado para o rito da lei. Mostra, através de Abrahão, exemplos da justificação pela fé. A lei condena a todos, mas Cristo os redime. Explica a finalidade da lei e a libertação por meio da fé. Cap.3.

    4- Pelo Evangelho, os gálatas poderiam ter a maturidade que isenta da tutela da lei. Fala que a redenção os livrou da lei e os fez filhos de Deus. Receia ter trabalhado em vão pela conversão deles, mas mostra a afeição que lhes dedica e apela a que retornem aos ensinamentos que lhes deu. Por comparações com o Velho Testamento, mostra a condição melhor dos que confiam na promessa do Evangelho. Cap.4.

    5- Exortação aos gálatas a que conservem a liberdade pelo Evangelho e não se submetam à escravidão dos ritos da lei. Adverte contra a falsa doutrina e expressa confiança em que eles retornarão à verdade. Aquele que os perverteu há de receber a punição devida. O chamado é para a liberdade, e o amor é o cumprimento da lei. Adverte contra as divisões e enumera os frutos do espírito. Cap.5.

    6- Prega o amor mútuo e a humildade de cada um em relação aos demais. Faz outras advertências contra os falsos ensinos. Saudações finais. Cap.6.

    *************************

    Avaliação do Capítulo 62

    1. Explique em resumo as razões pelas quais Paulo escreveu aos Gálatas.

    2. Comente a controvérsia tratada por Paulo neste livro.

    3. Leia Gálatas 3:6 e Tiago 2:21,22. Compare as duas passagens e responda:

    a) Há contradição? Se há, em que consiste?

    b) Se não há contradição, como se harmonizam as duas passagens?

    Se desejar, você pode nos enviar suas perguntas ou comentários por carta ou e-mail 

    Postar um comentário

    Anterior Próxima

    نموذج الاتصال